Este trabalho analisa o discurso carregado de estereótipos e estigmas comumente utilizados para representar o Nordeste e o nordestino nas produções jornalísticas. Como ponto de partida, é importante apresentar a história do jornalismo, da sua chegada ao Brasil, entendendo o seu poder de influência sobre os leitores até a sua forma técnica atual, com lide e pirâmide invertida.
A partir de autores de áreas de pesquisas distintas, dentre eles, comunicadores e linguistas,
buscamos as raízes dessa construção de representação, destacando matérias, momentos e
acontecimentos que influenciaram a formulação desta identidade homogênea da região
Nordeste no imaginário do eixo sul - sudeste. A construção teórico-metodológica será ancorada
em Nagamine Brandão, Michel Pêcheux, importante teórico da Escola Francesa da Análise do
Discurso, mais conhecida como AD e nos textos de Eni Puccinelli Orlandi. A partir disso,
compreendemos como, às vezes mesmo de forma inconsciente, o jornalismo tende a enquadrar o Nordeste em pautas sobre pobreza, luta, seca e imigração. Quanto à natureza, está pesquisa é
aplicada e a abordagem é explicativa. Já sobre o contexto de pesquisa, iremos analisar a
reportagem publicada em 2021 pela Revista Veja com o título: “A capital do Nordeste. Os
novos migrantes que reinventam o design, a gastronomia, as startups e outras atividades da
metrópole, que completa 467 anos”. O procedimento metodológico adotado foi a Análise do
Discurso de linha francesa, mais conhecida como AD. Para isso, utilizamos conceitos como
Formação Discursiva, Condições de Produção, Memória Discursiva ou Interdiscurso,
Ideologia, Cenografia, Ethos e Ethos Institucional. Além de conceitos do jornalismo como:
Gatekeeper, Framing e Imagem-Bumerangue. Das análises contatou-se que o enquadre reforça
estigmas e representa a região, na maioria das vezes, de forma superficial, com um viés e
enquadramento de “povo que precisa ser ajudado”. É nesse contexto que se insere a questão
norteadora deste trabalho de conclusão de curso: “De que maneira a representação do Nordeste
e dos nordestinos na reportagem da Revista Veja sobre o aniversário de São Paulo contribui
para a reprodução de estereótipos e desigualdades regionais?