A série de rádio reportagens Ceará Demarcado realizou uma pesquisa no cenário cultural cearense para identificar projetos e iniciativas de indígenas que utilizam as expressões artísticas para lutar contra a invisibilidade dos povos originários no estado. Em cinco episódios, o Ceará Demarcado abrange: no primeiro, o contexto histórico e social em que nasceram esses projetos; no segundo, um projeto de cinema que leva crianças e adolescentes indígenas de Caucaia a se apropriarem de ferramentas audiovisuais para o fomento da identidade do povo anacé; no terceiro, a utilização da música como fator que relaciona gerações diferentes de indígenas da etnia jenipapo-kanindé, em Aquiraz; no quarto, como um grupo de jovens indígenas se uniram em prol da promoção da presença dos povos originários no mercado cultural cearense por meio do grupo Tamain, com entrevistas realizadas com dois artistas do povo karão-jaguaribaras; no quinto e último episódio, é destacada a participação de organizações indígenas do Ceará na 20ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL), que aconteceu em Brasília, e o anúncio feito pela Universidade Estadual do Estado do Ceará (Uece) que irá realizar sua primeira licenciatura intercultural indígena. A pesquisa e o conteúdo utilizado envolveram uma série de entrevistas com lideranças indígenas, crianças e adolescentes das etnias anacé e jenipapo-kanindé, pesquisadores culturais e artistas indígenas da etnia karão-jaguaribaras. Foram utilizados como base para o fundamento científico os trabalhos dos historiadores João Leite Neto, em sua tese “Índios e Terras – Ceará: 1850-1880”, e José Cordeiro, com seu livro “Os índios no Siará: Massacre e Resistência”, para uma abordagem linear da luta indígena no Ceará desde o período colonial. O artigo “A Invenção do índio na Mídia: silenciamentos, estereótipos e pluralidades”, dos pesquisadores Ivânia dos Santos Neves, Maurício Neves Corrêa e Raimundo de Araújo Tocantins, também foi fonte para uma sólida perspectiva a ser seguida sobre os perigos de modelos antiquados historicamente adotados para a representação midiática de indígenas, além do impacto que a representação midiática dos indígenas tem nas relações sociais. Dos comunicólogos Nivaldo Ferraz e Eduardo Vicente, por meio do artigo “Uma análise de reportagem foram da ‘agenda do dia’: Gibby Zobel é o repórter”, e de Celso Frederico, com o artigo “Brecht e a ‘Teoria do Rádio’, foi retirada a base acadêmica necessária para construir reportagens que fossem adaptadas ao rádio e que atendessem aos objetivos do projeto.