A leishmaniose visceral (LV), popularmente conhecida como calazar, é uma doença
infecciosa grave, causada pela picada do mosquito palha fêmea (flebotomídeo). O
vetor adquire o parasito ao se alimentar do sangue de um animal hospedeiro,
geralmente cães em áreas urbanas ou animais silvestres, e transmite posteriormente
o causador da doença, o protozoário – Leishmania chagasi, para uma pessoa durante
o repasto sanguíneo, que se não tratada adequadamente, pode levar a óbito. O
objetivo geral da pesquisa foi analisar o perfil epidemiológico dos índices de abandono
de tratamento da LV no Estado do Pará. Trata-se de um estudo descritivo,
epidemiológico, com abordagem quantitativa, que analisou os casos de abandono do
tratamento da LV no Estado, no período de 2007 a 2024. Os dados utilizados foram
extraídos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN),
disponibilizado pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde
(DATASUS). Para a análise das características sociodemográficas e assistenciais,
foram incluídas as seguintes variáveis: número de casos confirmados de LV segundo
o ano de notificação, sexo, faixa etária, raça/cor, nível de escolaridade, presença de
coinfecção por HIV e tipo de entrada. No período analisado, foram notificados 5.542
casos de LV no Estado do Pará, sendo o ano de 2017 o mais relevante, com 580
casos. No mesmo intervalo, contabilizaram-se 64 casos de abandono de tratamento,
sendo 2011 o ano com maior ocorrência, com 11 casos. Entre os 21 municípios
analisados, Igarapé-Miri e Marabá se destacaram com os maiores números de
abandono. Observou-se maior prevalência entre indivíduos do sexo masculino, na
faixa etária de 1 a 4 anos, autodeclarados pardos. Diante disso, o estudo ampliou o
entendimento sobre o panorama da LV no Pará e identificar fatores relacionados ao
abandono do tratamento. Os resultados indicam que fatores sociodemográficos, nível
educacional e desigualdades socioeconômicas exercem influência significativa sobre
a adesão terapêutica. Diante disso, ressalta-se a importância do fortalecimento das
políticas públicas de saúde, garantindo assistência adequada aos pacientes.