A febre do Oropouche, causada pelo Oropouche ortobunyavirus (OROV), emergiu
como um agravo crescente de saúde pública no Brasil, caracterizando-se por quadro
febril agudo, mialgia, cefaleia dificultando o diagnóstico clínico. Nos últimos anos, o
agravo ampliou sua área de circulação para além da Amazônia, alcançando diferentes
regiões do Nordeste. Diante desse cenário, este estudo teve como objetivo analisar o
comportamento epidemiológico da febre de Oropouche na região Nordeste entre 2014
e 2024, identificando padrões temporais, distribuição espacial e os principais
determinantes associados à expansão da doença. Adotou-se uma abordagem
quantitativa, descritiva e ecológica, baseada em dados secundários provenientes de
relatórios oficiais do Ministério da Saúde, Boletins Epidemiológicos estaduais, artigos
científicos e sistemas de informação, como DATASUS e SINAN. Os resultados
revelaram que a doença manteve baixa detecção entre 2014 e 2022, consequência
de limitações diagnósticas e subnotificação. Entretanto, a partir de 2023, observou-se
inflexão significativa, culminando em mais de 11 mil casos confirmados no Brasil em
2024, dos quais mais de mil ocorreram no Nordeste. Estados como Ceará,
Pernambuco, Alagoas e Bahia despontaram como novos polos de transmissão,
evidenciando a interiorização e urbanização do vírus. Culicoides paraensis
contribuíram para esse cenário. Conclui-se que a febre de Oropouche apresenta clara
tendência de expansão na região, impondo desafios à vigilância epidemiológica e
reforçando a necessidade de políticas integradas de controle vetorial, diagnóstico
oportuno e monitoramento contínuo.