A síndrome braquicefálica em cães constitui um conjunto de alterações anatômicas e fisiopatológicas que comprometem de forma significativa a permeabilidade das vias aéreas superiores, especialmente em raças selecionadas para a conformação craniofacial encurtada. O subdesenvolvimento dos ossos da face e a desproporção entre estruturas ósseas e tecidos moles resultam em estenose de narinas, alongamento do palato mole, eversão de sacos laríngeos e hipoplasia de traqueia, elementos que reduzem o fluxo aéreo e favorecem a instalação de sinais clínicos como dispneia, estridor, intolerância ao exercício, tosse, síncope, cianose e, em casos graves, colapso respiratório. A cronicidade desses quadros contribui também para repercussões gastrointestinais e cardiovasculares, além da predisposição à hipertermia devido à ineficiência na termorregulação. O diagnóstico da síndrome fundamenta-se na integração entre anamnese, exame físico e exames complementares, como endoscopia, radiografia torácica e tomografia computadorizada, que permitem avaliar a gravidade das alterações e planejar o tratamento adequado. Embora estratégias clínicas possam aliviar temporariamente os sinais, a correção cirúrgica permanece o tratamento de escolha, destacando-se procedimentos como rinoplastia, estafilectomia e ventriculectomia laríngea. A seleção da técnica depende da experiência do cirurgião, das condições clínicas do paciente e da infraestrutura disponível. Nos últimos anos, tecnologias de corte como o laser de CO₂ e, especialmente, o bisturi ultrassônico têm ganhado destaque devido à capacidade de oferecer maior precisão, hemostasia superior, menor tempo cirúrgico e menor trauma tecidual. O bisturi ultrassônico atua por vibrações de alta frequência que permitem corte e coagulação simultâneos, reduzindo sangramento e formação de edema, além de favorecer recuperação mais rápida. Dessa forma, a revisão da literatura reforça a importância do aprofundamento científico sobre a aplicabilidade do bisturi ultrassônico na estafilectomia de cães braquicefálicos, visando orientar a prática clínica e promover intervenções mais seguras e eficazes, contribuindo para o bem-estar e qualidade de vida desses animais.