O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das principais causas de morbimortalidade e gera sequelas que comprometem a funcionalidade e a qualidade de vida, ressaltando a importância da Atenção Primária à Saúde (APS) na continuidade do cuidado e na reabilitação. O enfermeiro desempenha papel estratégico nesse processo, planejando intervenções e apoiando cuidadores, conforme a Resolução COFEN nº 728/2023. Analisar o papel do enfermeiro na APS no suporte ao paciente pós-AVC, com ênfase na continuidade do cuidado, na reabilitação e na melhoria da qualidade de vida desses indivíduos. Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, com delineamento descritivo, exploratório e observacional, que foi realizada na Unidade Docente Assistencial Prof. Gilberto Macedo (UDA UFAL), Maceió/AL. Os participantes foram usuários pós-AVC acompanhados na unidade e enfermeiros que prestam assistência. A coleta de dados foi através de questionário semiestruturado validado por pares (enfermeiros e usuários) e três escalas já validadas na literatura científica (usuários). As entrevistas foram conduzidas através da análise de conteúdo temática. Os resultados evidenciaram grande heterogeneidade clínica e funcional entre os pacientes pós-AVC, com variações importantes nos resultados das escalas aplicadas, que refletem diferentes graus de incapacidade, gravidade neurológica, presença de fatores de risco e risco global de complicações. A análise das respostas dos enfermeiros demonstrou compreensão das necessidades desses pacientes, porém o acompanhamento na APS ocorre sem protocolos específicos, com ações concentradas em orientações educativas e manejos de condições crônicas. Desafios como baixa adesão, limitações familiares e barreiras territoriais comprometem a continuidade do cuidado. Os profissionais apontam a necessidade de capacitação, adoção de instrumentos padronizados e fortalecimento organizacional para qualificar o acompanhamento pós-AVC. Conclusão: Conclui-se que a gravidade neurológica, a presença de fatores de risco modificáveis e a polifarmácia influenciam diretamente a funcionalidade e o risco de complicações dos pacientes pós-AVC. Na Atenção Primária, embora os enfermeiros reconheçam essas demandas e atuem de forma proativa, a ausência de protocolos de instrumentos padronizados limita a efetividade do acompanhamento. Assim, destaca-se a necessidade de estruturar fluxos, qualificar a avaliação e fortalecer o cuidado contínuo para melhorar o prognóstico e a reabilitação desses pacientes.