Introdução. O envelhecimento populacional no Brasil ocorre de forma acelerada,
trazendo novos desafios à saúde pública, entre eles o aumento da infecção pelo HIV entre
idosos. Esse crescimento resulta da maior sobrevida de pessoas infectadas em idade
jovem e do aumento de novos casos nesta faixa etária, marcado por baixa percepção de
risco e estigma relacionado à sexualidade. Em Pernambuco, desigualdades
socioeconômicas e limitações no acesso à saúde agravam o cenário. Diante disso, o
estudo buscou analisar a distribuição e a tendência temporal da infecção pelo HIV em
pessoas com 50 anos ou mais no estado de Pernambuco entre 2010 e 2023. Objetivo.
Analisar a distribuição e a tendência temporal da infecção pelo vírus da imunodeficiência
humana (HIV) em pessoas idosas (cinquenta anos ou mais) no estado de Pernambuco,
Brasil, entre 2010 e 2023. Métodos. Estudo ecológico descritivo com análise de tendência
temporal, utilizando dados secundários de domínio público do DATASUS e IBGE.
Calcularam-se as taxas anuais de detecção e de mortalidade por HIV em idosos (por 100
1
mil habitantes). Resultados. A taxa de detecção de HIV na população idosa em
Pernambuco apresentou um pico em 2013 (13,48 por 100 mil habitantes), seguido por um
declínio e estabilização em torno de 7 casos por 100 mil nos anos mais recentes. Em
contraste, a taxa de mortalidade aumentou progressivamente até 2017 (pico de 8,23 por
100 mil habitantes) e permaneceu elevada e relativamente estável até 2023. A defasagem
temporal observada entre o pico da detecção e o pico da mortalidade sugere o
diagnóstico tardio. Discussão. O estudo identificou aumento das taxas de HIV em idosos
em Pernambuco até 2013, seguido de estabilização. A defasagem entre o pico de
detecção e o de mortalidade indica diagnóstico tardio, associado à baixa percepção de
risco e ao estigma. Fatores como polifarmácia e comorbidades agravam o manejo clínico.
Estudos regionais e nacionais indicam padrão semelhante, com estabilização da
incidência, mas sem redução significativa da mortalidade, especialmente no Nordeste,
onde persistem desigualdades no acesso à Atenção Primária. O trabalho reforça a
necessidade de estratégias específicas, ampliação da testagem, educação sem estigmas
e abordagem multiprofissional para reduzir a mortalidade e melhorar o cuidado aos idosos
com HIV. Conclusão. Os achados reforçam a necessidade urgente de fortalecer as
estratégias de prevenção e testagem direcionadas à população idosa, especialmente na
Atenção Primária à Saúde. É fundamental garantir o diagnóstico precoce e o
acompanhamento integral para as comorbidades, visando reduzir a mortalidade e
melhorar a qualidade de vida dessa população.