A Doença de Crohn é uma enfermidade inflamatória crônica que acomete o trato gastrointestinal e apresenta crescimento expressivo no Brasil. Esse aumento está relacionado não apenas à incidência, mas à maior capacidade de diagnóstico, sobrevida prolongada e ampliação do acompanhamento clínico. Em Pernambuco, compreender o comportamento epidemiológico das internações hospitalares é essencial para identificar padrões populacionais e desigualdades regionais que impactam diretamente o acesso e a qualidade do cuidado. O estudo teve o objetivo de descrever o perfil epidemiológico das internações hospitalares por Doença de Crohn em Pernambuco entre 2014 e 2024, considerando faixa etária, sexo, raça/cor e distribuição territorial, além de comparar os achados com outras localidades do país. Nesse contexto, foi realizado um estudo ecológico, retrospectivo e descritivo, com dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), obtidos no DATASUS. Foram incluídas todas as internações com diagnóstico principal de Doença de Crohn (CID-10 K50) entre 2014 e 2024. As variáveis analisadas foram faixa etária, sexo, raça/cor, caráter de atendimento e microrregião de residência. Os dados foram expressos em frequências absolutas e relativas, com comparação descritiva ao cenário nacional. De acordo com a análise dos dados, foram registradas 6.298 internações no período analisado, com crescimento progressivo e maior concentração em 2024. Adultos jovens, especialmente de 20 a 29 anos, apresentaram maior frequência, seguidos por adolescentes e indivíduos de 30 a 39 anos. Houve equilíbrio entre os sexos e predomínio da população parda, refletindo a composição demográfica estadual. Mais de 70% das internações foram eletivas, indicando acompanhamento programado e melhor organização da linha de cuidado. A capital Recife concentrou aproximadamente metade dos registros, revelando forte centralização da assistência. Microrregiões do interior também apresentaram números significativos, mas em menor proporção, evidenciando desigualdades estruturais e geográficas. Dessa forma, percebe-se que a Doença de Crohn vem assumindo importância crescente no perfil de morbidade hospitalar de Pernambuco, com predomínio em adultos jovens e concentração dos casos na capital. Esses achados reforçam a necessidade de descentralizar serviços, ampliar o acesso no interior e fortalecer a rede especializada.