Introdução: A infância é um período de intensas transformações biológicas e 
psicossociais, essenciais para o desenvolvimento motor, cognitivo e socioemocional. 
Nos primeiros anos, o sistema nervoso central sofre rápida maturação e é altamente 
influenciado pelo ambiente e pelos estímulos recebidos. Os primeiros 1.000 dias de 
vida são críticos, pois vínculos afetivos, brincadeiras, rotinas e interações familiares 
favorecem a aprendizagem e a saúde mental. Contudo, o avanço das tecnologias 
digitais tem exposto crianças cada vez mais cedo ao uso de telas, muitas vezes em 
excesso e em substituição às interações humanas. Organizações de saúde, como 
OMS, AAP e SBP, recomendam limites rigorosos de tempo de tela na primeira 
infância, dado que a exposição precoce pode prejudicar linguagem, atenção, 
habilidades socioemocionais e associar-se a problemas comportamentais, acadêmicos 
e de saúde física. Metodologia: Trata-se de uma revisão sistemática da literatura, 
baseada em 11 artigos publicados entre 2015 e 2025, selecionados em PubMed, 
SciELO e manuais da Sociedade Brasileira de Pediatria. Foram incluídos estudos 
envolvendo crianças de 0 a 6 anos, com foco nos impactos da exposição precoce e 
excessiva às telas. Variáveis analisadas incluíram idade de início, tempo diário de uso, 
tipo de dispositivo, conteúdo acessado e mediação de pais ou cuidadores. 
Resultados: A revisão evidenciou que o uso excessivo de telas está associado a 
prejuízos cognitivos, emocionais, comportamentais e sociais. Crianças expostas por 
mais de duas horas diárias apresentam atrasos na linguagem, déficit de atenção, 
dificuldades de autorregulação, distúrbios do sono e pior desempenho acadêmico. Os 
efeitos são multifatoriais, modulados por fatores familiares e socioeconômicos, e 
podem variar conforme idade e contexto da criança. Discussão: Os resultados 
sugerem que vulnerabilidades individuais e contextuais amplificam os riscos. A relação 
entre déficit de atenção e uso de telas pode ser bidirecional, e a exposição prolongada 
interfere na qualidade do sono, no ritmo de aprendizagem, na neuroplasticidade e no 
desenvolvimento socioemocional. Políticas públicas e orientações parentais são 
essenciais para mitigar riscos, promovendo equilíbrio entre tecnologia e experiências 
interativas, lúdicas e sociais. Conclusão: A exposição precoce e excessiva às telas 
digitais constitui um fator de risco significativo para o desenvolvimento integral de 
crianças de 0 a 6 anos. Limitar o tempo de tela, mediar o uso, estimular brincadeiras e 
experiências interativas, além de implementar políticas educativas, é fundamental para 
garantir desenvolvimento cognitivo, emocional e social saudável.