INTRODUÇÃO: O zumbido caracteriza-se pela percepção de som na ausência de estímulo acústico externo, estando frequentemente associado a condições otológicas, hormonais e neurológicas. Estima-se que afete entre 10% e 15% da população adulta mundial. No Brasil, estudos epidemiológicos indicam prevalência aproximada de 22% na população geral. O zumbido rítmico, como o apresentado pela paciente deste caso, caracteriza-se por uma pulsação regular, geralmente sincronizada ao batimento cardíaco, estando frequentemente associado a causas vasculares. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo do tipo relato de caso, os dados foram coletados a partir da análise do prontuário disponibilizado por um serviço de otorrino privado. O estudo foi apreciado e aprovado pelo comitê de ética sobre o número CAEE: 88230425.8.0000.0408 RELATO DO CASO: Paciente de 24 anos se queixa de zumbido pulsátil na orelha esquerda há 6 anos, modulado ao pressionar a região cervical. O Tinnitus Handicap Inventory (THI) apresentou pontuação total de 48 pontos, classificando o zumbido em grau moderado. A audiometria de altas frequências apresentou perda auditiva. A tomografia da mastoide revelou aumento do aqueduto vestibular e uma fístula labiríntica em orelha direita. A angioressonância magnética da mastoide com contraste mostrou a artéria cerebelar inferior migrando para o conduto auditivo interno. A função vestibular estava normal nos testes vestibulares com prova calórica. No USG Doppler dos vasos cervicais foi encontrado um kinking, ou seja, um acotovelamento anormal, do v3 da artéria vertebral próximo da mastoide esquerda, lado da queixa da paciente. DISCUSSÃO: O zumbido pulsátil (ZP) é uma percepção auditiva rítmica, sincronizada com os batimentos cardíacos, que pode indicar condições vasculares ou estruturais. No caso apresentado, foram evidenciadas alterações anatômicas vasculares e vestibulares, como o acotovelamento do segmento V3 da artéria vertebral esquerda, a Síndrome do Aqueduto Vestibular Alargado (SAVA) e a fístula labiríntica. A modulação do sintoma pela compressão jugular reforça a componente vascular do quadro. Apesar da ausência de perda auditiva na audiometria convencional, a audiometria de altas frequências mostrou alterações compatíveis com os achados anatômicos. Assim, o caso demonstra que o ZP pode resultar de múltiplos mecanismos anatômicos e fisiológicos, mesmo em indivíduos jovens e sem trauma craniano. CONCLUSÃO: A principal queixa da paciente tem relação com a alteração vascular cervical, próximo da mastoide esquerda. Os achados de SAVA, fístula labiríntica contralateral, assim como a perda auditiva nas altas frequências bilaterais foram consideradas achados incidentais no caso, todavia podem amplificar o zumbido. A conduta foi expectante com orientações gerais sobre zumbido. O diagnóstico do zumbido pulsátil associado à Síndrome da Terceira Janela exige uma abordagem detalhada e o uso de exames especializados, como audiometria, tomografia, ressonância magnética e prova calórica, para um tratamento personalizado.